Vendas no varejo crescem em outubro, mas caem em relação a 2024, mostra Índice Stone

Cenário Atual do Varejo em Outubro

O cenário do varejo no Brasil em outubro de 2025 apresentou uma leve alta nas vendas, que alcançou 0,4%, de acordo com o Índice do Varejo Stone (IVS). Embora esse crescimento possa ser interpretado como um sinal de recuperação econômica, é importante contextualizar que, em comparação ao mesmo mês do ano anterior, o setor registrou uma queda de 1,5%. Esse contraste evidencia a complexidade e os desafios que o varejo enfrenta, mesmo diante de sinais de atividade positiva.

Apesar desse crescimento modesto, fatores como o elevado endividamento das famílias e uma inflação persistente continuam a impactar a disposição dos consumidores em gastar. O cenário atual mostra um potencial de recuperação contido, onde o aumento das vendas é muito mais uma resposta às condições do mercado de trabalho, que se encontra em níveis de desemprego historicamente baixos. É essencial que o varejo adapte seus modelos de negócio para continuar incentivando o consumo, especialmente diante de um contexto econômico que ainda apresenta algumas incertezas.

O Que Diz o Índice do Varejo Stone?

O Índice do Varejo Stone (IVS) é uma ferramenta importante para analisar a performance do varejista brasileiro. Este índice fornece uma visão do comportamento dos consumidores e como esse comportamento se reflete nas vendas do varejo. O IVS de outubro mostrou que, apesar da alta nas vendas, muitas categorias de produtos ainda enfrentam dificuldades. Ao longo do mês, cinco dos oito segmentos avaliados experimentaram crescimento, enquanto os outros três sofreram retração.

vendas no varejo

Dentro dos segmentos que apresentaram desempenho positivo, o maior crescimento foi na categoria de Tecidos, Vestuário e Calçados, com um aumento de 1,2%. Isso pode ser atribuído a uma necessidade de renovação de guarda-roupa, especialmente com a mudança das estações e as coleções de moda sendo lançadas. Outros setores como Livros e Papelaria (+0,5%) e Artigos Farmacêuticos (+0,2%) também mostraram um desempenho ligeiramente positivo. Essa diversidade nos resultados indica que algumas categorias são mais resilientes frente às adversidades econômicas do que outras.

Como o Endividamento Afeta o Consumo?

O endividamento das famílias brasileiras tem sido uma preocupação constante, e em outubro, a taxa de famílias inadimplentes se manteve na marca histórica de 30,5%. Além disso, o número de famílias endividadas chegou a 79,5%, refletindo uma situação delicada. Essa alta proporção de endividamento impede uma recuperação mais acentuada das vendas no varejo, já que consumidores endividados tendem a reduzir seus gastos e priorizar o pagamento de dívidas.

Esse cenário reflete uma renda familiar comprometida com pagamentos de contas, o que limita a capacidade de consumo em outras áreas. As estratégias de marketing e vendas do varejo precisam, portanto, levar em conta a realidade financeira dos consumidores. Com a alta inadimplência, é crucial que as empresas adotem uma abordagem mais compreensiva e criativa para atrair os clientes, desenvolvendo promoções e opções de crédito que considerem a situação financeira dos consumidores.

Análise dos Segmentos em Alta

Os segmentos que se destacaram em outubro são indicativos de uma possível mudança nos hábitos de consumo e preferências. O crescimento de 1,2% em Tecidos, Vestuário e Calçados reflete não somente a demanda por novos produtos, mas também a eficácia das campanhas de marketing que muitas lojas desenvolveram para impulsionar vendas. Essa categoria tem se beneficiado com a chegada de novas coleções e a sazonabilidade no vestuário.

O setor de Livros e Papelaria, que cresceu 0,5%, também pode ser interpretado como uma resposta ao retorno das aulas presenciais e da demanda por materiais escolares, enquanto a categoria de Artigos Farmacêuticos (+0,2%) reflete uma preocupação contínua com a saúde e o bem-estar. Esse aumento leve nas vendas sugere que, mesmo em um cenário de dificuldades, os consumidores podem priorizar setores que atendam suas necessidades básicas e interesses.

Os Setores que Enfrentaram Quedas

Por outro lado, alguns setores mostraram dificuldades, destacando um cenário polarizado no varejo. A categoria de Combustíveis e Lubrificantes foi a mais afetada, com uma queda de 2,3%. Isso pode ser reflexo tanto da diminuição na demanda pelo transporte particular quanto de flutuações nos preços dos combustíveis, o que pode levar os consumidores a cortar gastos desnecessários.

Além disso, os setores de Móveis e Eletrodomésticos (-0,5%) e Materiais de Construção (-0,4%) enfrentaram retrações devido à redução da capacidade de investimento nas casas por parte dos consumidores, que podem estar focando em pagar dívidas em vez de realizar compras de maior valor. A análise desses dados é fundamental para as empresas do varejo, pois oferece insights que podem ser usados para ajustar estratégias de marketing e varejo, adaptando-se às demandas dos consumidores.

Impacto da Inflação nas Vendas

A inflação é um fator chave que afeta diretamente o comportamento de compra dos consumidores. Em outubro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu apenas 0,09% em relação ao mês anterior, o que foi abaixo das expectativas do mercado. No entanto, a alta acumulada de 4,68% em 12 meses ainda é uma preocupação. O aumento nos preços pode levar os consumidores a repensar suas prioridades de compra, optando por produtos mais baratos ou adiando a compra de itens não essenciais.

Isso se reflete diretamente nas vendas, pois, em um ambiente inflacionário, os consumidores possuem um poder de compra reduzido. As empresas precisam ser estratégicas em sua abordagem diante da inflação. Promoções, descontos e campanhas que enfatizem o custo-benefício dos produtos podem ser fundamentais para estimular as vendas em tempos em que os consumidores estão mais cautelosos.

Desigualdade Regional nas Vendas do Varejo

A análise regional mostrou disparidades significativas nas vendas do varejo em outubro. Apenas seis estados registraram crescimento nas vendas, com destaque para o Amapá (+4,2%) e Espírito Santo (+2,7%). Esses dados mostram que o desempenho do varejo não é homogêneo e que as condições econômicas e sociais variam significativamente entre diferentes regiões do Brasil.

Em contrapartida, estados como Rondônia, Rio Grande do Sul e Santa Catarina enfrentaram quedas consideráveis nas vendas. Os fatores que contribuem para esse cenário podem incluir variações nas políticas locais, a estrutura econômica de cada estado, e a capacidade de investimento das famílias. Esses dados ressaltam a importância de as empresas de varejo adaptarem suas estratégias para se adequar às condições locais, ajustando seus estoques e ofertas para atender às demandas específicas de cada mercado regional.

Perspectivas para o Futuro do Varejo

O futuro do varejo no Brasil está atrelado à capacidade de adaptação e inovação das empresas diante dos desafios econômicos. O cenário atual de recuperação, embora leve, indica oportunidades para que os negócios se reinventem e busquem modelos de operação mais ágeis e responsivos. A introdução de tecnologias e ferramentas digitais deve ser um foco, pois elas permitem um contato mais próximo com o consumidor e oferecem um melhor entendimento sobre suas preferências e comportamentos.

Além disso, a construção de fidelização e a criação de experiências de compra diferenciadas são essenciais para atrair e reter clientes. À medida que as condições econômicas mudam, as empresas que priorizarem o atendimento ao cliente e oferecerem produtos de forma mais personalizada provavelmente se sobressairão em um mercado competitivo.

Como o Mercado de Trabalho Influencia o Varejo

O mercado de trabalho é um dos principais motores do consumo no varejo. Com taxas de desemprego em níveis baixos atualmente, mais pessoas têm acesso a renda e estão mais propensas a gastar. Isso gera uma demanda que pode beneficiar diversas categorias do varejo, especialmente aquelas que estão alinhadas com tendências e necessidades emergentes dos consumidores. Contudo, ainda há limitações impostas pelo endividamento elevado, que pode restringir a capacidade de compra, independentemente da oferta de empregos.

As empresas precisam permanecer atentas a essa dinâmica, ajustando seu posicionamento no mercado de acordo com o contexto do trabalho. Investimentos em produtos e serviços que atendam diretamente às demandas de um público com emprego e renda sólida podem ser um caminho promissor para o crescimento e recuperação do varejo.

Dicas para Superar os Desafios do Varejo

Frente ao cenário desafiador, as empresas de varejo devem adotar uma série de estratégias para se fortalecer. Algumas dicas incluem:

  • Inovação Contínua: Acompanhamento de tendências e inovações no setor é crucial. Adaptar-se às novas tecnologias pode proporcionar vantagens competitivas.
  • Fortalecimento da Presença Digital: Em um mundo cada vez mais digital, investir em e-commerce e marketing digital é essencial para alcançar um público maior e diversificado.
  • Foco na Experiência do Cliente: Melhorar a experiência do consumidor em todos os pontos de contato pode aumentar a satisfação e a fidelização.
  • Promoções Eficientes: Criar estratégias promocionais que efetivamente convida os consumidores a gastar pode ser uma forma de estimular as vendas em momentos de baixa.
  • Adaptação aos Mercados Regionais: Personalizar a oferta de produtos para diferentes regiões pode melhorar a aceitação do consumidor e, consequentemente, as vendas.

Essas estratégias não apenas ajudam as empresas a superar os desafios do mercado, mas também preparam o terreno para um crescimento sustentável no futuro.